Macroeconomia

abril 21, 2021

Contas externas continuam a mostrar uma forte resiliência

O Banco de Portugal divulgou os dados de fevereiro relativos às contas externas. Destacamos, o seguinte: 

1 – O défice da Balança Corrente em percentagem do PIB, últimos 12 meses: -1,10% vs. janeiro: -1,30% e fevereiro 2020: +0,60%. Compara com Média Móvel dos últimos 12 meses (12MMM): -0,7% e 3MMM: -1,2%;

2 – O saldo negativo da Balança de Bens (somente bens) em percentagem do PIB (últimos 12 meses): -5,30% vs. fevereiro 2020: -7,7%; 12MMM: -6,70% e 3MMM: -5,7%;

3 – O saldo negativo da Balança de Bens caiu em fevereiro 60% em termos homólogos. Compara com 12MMM: -34% e 3MMM: -37%;

4 – O saldo positivo da balança de Viagens e Turismo (somente receitas de turismo) em percentagem do PIB (últimos 12 meses) foi de 1,90% vs. fevereiro 2020: +6,2%; 12MMM: +3,80% e 3MMM: +2,20%;

5 – O saldo positivo da Balança de Viagens e Turismo caiu em fevereiro 84% homólogo e compara com 12MMM: -71% e 3MMM: -68%.

Os dados das contas externas continuam a surpreender pela positiva; isto porque apesar da recessão forte, que, atingiu, particularmente, o sector do turismo (o saldo positivo da Balança de Viagens e Turismo reduziu-se dos 6% do PIB, para um nível ligeiramente inferior a 2%); de facto a Balança Corrente (BC) pouco se desequilibrou. Ou seja, a BC passou de um saldo de positivo em percentagem do PIB de 0,6% em fevereiro de 2020 para um défice de 1,1%; essencialmente devido à boa prestação da Balança de Bens, saldo negativo reduziu-se em cerca de 2,4%; compensado parcialmente o pior desempenho do Turismo que perdeu cerca de 4,1% em proporção do PIB (1,9%-6%).

Em resumo apesar do ambiente recessivo, as contas externas demonstraram uma enorme resiliência, exatamente o oposto ao último período recessivo 2009/11. O problema maior mantém-se nas contas publicas com défices crónicos e um stock de divida publica acima do razoável. O perfil da economia portuguesa vai-se aproximando do perfil da economia italiana com um bom desempenho externo e um mau desempenho em termos de contas públicas.

Fonte: BoP, AS Independent Research


Artigo de autoria:
António Seladas, CFA

Voltar