maio 03, 2021
O Banco de Portugal (BdP) divulgou os valores da dívida pública relativos a março, sendo de destacar, o seguinte:
1 – O nível bruto de dívida pública encontra-se nos €275 268 milhões; +8% homólogo; +0,4% em cadeia e 136,7% em percentagem do PIB (assumindo PIB nominal cai 1% em cadeia no 1T21); compara com 12MMM (12 meses média móvel): 130,5% e 3MMM: 133,3%;
2 – O nível líquido de divida pública (depois de se deduzir os depósitos das administrações públicas) encontra-se nos €250 467 milhões; +6,5% homólogo; +0,65% sequencialmente e 124,4% em proporção do PIB vs. 12MMM: 119,8% e 3MMM: 123,2%.
O aumento da divida do Estado em março reflete o mau desempenho em termos de execução fiscal de março, com o défice, somente, em março a situar-se nos €1,1Mil milhões, ainda assim inferior à variação sequencial da divida líquida: +€1,6Mil milhões. De facto, desde o início do ano a divida líquida cresceu €3,88Mil milhões, enquanto o défice acumulado no mesmo período se situa nos €2,6 Mil milhões, ou seja, numa ótica da caixa, aparentemente algumas responsabilidades vão diretamente ao “stock” de divida. O nível de divida bruta em percentagem do PIB está nos 136,7% e o objetivo do Governo de 128% no final do ano, só será possível se se reduzir o nível de depósitos das Administração Publica dos atuais cerca de 25 mil milhões para um valor próximo dos €16Mil milhões, que é sensivelmente em linha com os valores de final de ano verificados em 2018 e 2019 (16,6 Mil milhões e 14,5 Mil milões, respetivamente). Isto porque, mesmo admitindo que a execução fiscal corre dentro do orçamentado, implica um aumento de divida até final do ano de cerca de €9Mil milhões.
Em suma, o “stock” de divida publica encontra-se em níveis históricos e o rácio divida pública PIB, está em máximos; ainda assim o objetivo do Governo, 128%; poderá ser alcançado essencialmente devido à redução de depósitos e como tal de stock de divida bruta.
Fonte: Banco de Portugal, AS Independent Research
António Seladas, CFA
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