Macroeconomia

maio 12, 2023

Inflação subjacente em abril recua, mas remunerações superam inflação

(tempo de leitura: 3 minutos)  

Inflação subjacente em abril recua, mas remunerações superam inflação.

Os níveis de inflação em abril ajustam, mas num ritmo lento, particularmente a inflação subjacente, que exclui alimentação e energia. Por outro lado, os salários registaram um comportamento surpreendente, com crescimentos homólogos intensos no 1T23, superando a inflação, pela primeira vez desde dezembro de 2021, contribuindo para o efeito espiral preços/salários. Por fim, o indicador de atividade económica mantém uma resiliência surpreendente, sem dúvida alimentado pelo bom comportamento dos salários e mercado de trabalho.          

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou os valores finais relativos à inflação no mês de abril. Destacamos o seguinte: 

  1. O nível geral de preços (IPC), +5,7% em termos homólogos (+58pb em cadeia), em linha com os valores preliminares; compara com o valor médio dos últimos 12 meses (12MMM): +8,6% e 3MMM: +7,1%;
  2. Inflação subjacente (exclui o impacto dos bens voláteis: energia e produtos alimentares não processados), +6,55% homólogo (+104pb em cadeia); compara com 12MMM: +6,7% e 3MMM +6,9%;
  3. Serviços: +4,8% homólogo vs. 12MMM: 4,7% e 3MMM: 4,7% (sequencialmente: +187pb);
  4. Produtos Energéticos: -12,7% homólogo vs. 12MMM: +16,8% e 3MMA: -5,1% (sequencialmente: -317pb);
  5. Alimentação e Bebidas não Alcoólicas: +15,4% homólogo vs. 12MMM: +17,1% e 3MMM: 18,5% (sequencialmente: 64pb);
  6. Restaurantes/refeições fora: +10,3% homólogo vs. 12MMM: +9,1% e 3MMM: +10,4% (sequencialmente: +68pb);
  7. Rendas: +4,3% homólogo vs. 12MMM: +3,3% e 3MMM: +4,1% (sequencialmente: +44pb);
  8. Telecomunicações: +4,2% homólogo vs. 12MMM: +2% e 3MMM: +4,6% (sequencialmente: 0);
  9. Vestuário e Calçado: +1,9% homólogo vs. 12MMM: +0,9% e 3MMM: +1,6%:
  10. Equipamentos Domésticos: +5,7% homólogo vs. 12MMM: 6,6% e 3MMM: 6,1%.

Separadamente, o INE também divulgou as remunerações médias brutas para o 1T23, janeiro, fevereiro e março, as quais aumentaram em termos homólogos: 5,7%; 7,1% e 7,4% respetivamente. Comparam com 3MMM: 6,7% e 12MMM: 4,5%.

Finalmente, o Banco de Portugal, divulgou o indicador Diário de Atividade Económica, habitualmente divulgados às quintas-feiras (ver gráfico em baixo).      

Comentário: os dados de inflação de abril continuam a recuar dos valores elevados registados no período setembro/novembro de 2022, no entanto é essencialmente Energia, enquanto, a inflação subjacente, apesar de ser a observação mais baixa desde agosto/22; mantém-se suficientemente perto dos valores elevados registados no final de 2022 (dezembro: 7,3%). Entretanto, as remunerações médias brutas registaram variações fortes em fevereiro e março, 7,1% e 7,4% acima dos valores de inflação e pela primeira vez desde dezembro de 2021 (ver gráfico em baixo). Por último, o indicado de atividade económica mantém uma resiliência surpreendente, indicando que a economia continua a crescer numa base anual, apesar do efeito base pouco favorável (ver gráfico em baixo).

Em resumo, a inflação ajusta, mas num ritmo lento, particularmente a inflação subjacente, que exclui alimentação e energia. Por outro lado, os salários registaram um comportamento surpreendente, com crescimentos homólogos intensos no 1T23, superando a inflação, pela primeira vez desde dezembro de 2021, contribuindo para o efeito espiral preços/salários. Por fim, o indicador de atividade económica mantém uma resiliência surpreendente, sem dúvida alimentado pelo bom comportamento dos salários e mercado de trabalho.

Fonte: INE, BoP, AS Independent Research


Artigo de autoria:
António Seladas, CFA

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