Macroeconomia

fevereiro 01, 2024

Remuneração média dos novos depósitos continua a subir

tempo de leitura: 3 minutos

O aumento da remuneração média dos novos depósitos em dezembro em +10pb para os 3,10% surpreendeu, isto porque o sistema mantém-se abundante em liquidez e as taxas de juro nas operações ativas dão sinais de inversão. Como resultado, a margem de intermediação mantém-se pressionada recuando para valores menos interessantes. Admitimos que a remuneração dos depósitos comece a ceder nos próximos meses.      
O Banco de Portugal (BdP) divulgou, o segundo conjunto de dados, sobre o sector bancário, referentes a dezembro. Os dados divulgados referem-se às taxas de juro nos novos Empréstimos às Empresas, Hipotecas e Consumo e as taxas de juro que remuneram os novos Depósitos.

Realçamos o seguinte:   

Taxas de juro médias nos novos Empréstimos:

  •  *     Não Financeiras: 5,77% vs. 12Meses Média Móvel: 5,5% e 3MMM: 5,9%;
  •  *     Hipotecas: +4,12% vs. 12MMM: +4,0% e 3MMM: 4,2%;
  •  *     Consumo e Outros Fins: +7,61% vs. 12MMM: 7,7% e 3MMM: 7,8%.

Taxas de Juro médias nos novos Depósitos (até 1 ano):

  •  *     Empresas: 3,46% vs. 12MMM: 2,6% e 3MMM 3,4%;
  •  *     Indivíduos: +3,10% vs. 12MMM: 1,7% e 3MMM: 3,0%.

Margem Intermediação Líquida (NIM, proxy):

  •  *     2,03% vs. 12MMM: 3,1% e 3MMM: 2,2%.

Separadamente, o BoP publicou, no início da semana, os volumes nos Depósitos e Empréstimos e volumes de crédito em incumprimento. Salientamos o seguinte:

  •  *     Empréstimos totais: -1.6% homólogo vs. 12MMM -1,0% e 3MMM -2,0% (Empresas: -2,6% homólogo; Hipotecas: -1,4% e “Consumo e Outros fins”: +0,4%);
  •  *     Depósitos Totais: -2,34% homólogo vs. 12MMM -0,7% e 3MMM -2,3%;
  •  *     Rácio Empréstimos/Depósitos: 0,8389 vs. 12MMA: 0,8521 e 3MMA: 0,8421;
  •  *     Créditos em Incumprimento: Empresas 2,00% vs. 12MMM: 2,1%; Hipotecas: 0,24% vs. 12MMM 0,29% e “Consumo e Outros Fins” 2,65% vs. 12MMM 3,2%

Comentário: as remunerações dos novos depósitos a Prazo mantiveram em dezembro a tendência de subida, +10pb para 3,10%; acima das médias móveis, num ambiente em que as taxas de juro ativas (empréstimos) dão os primeiros sinais de abrandamento e a liquidez mantém-se abundante. Ou seja, alguma irracionalidade na indústria, que explica a evolução do proxy para a margem financeira junto aos níveis reduzidos que se viveu no período 2020 e 2021. Finalmente, os créditos em incumprimento mantêm-se em valores reduzidos consistente com o desempenho do mercado de trabalho, com a população empregada em máximos.

   

Fonte: Banco de Portugal, INE, AS Independent Research


Artigo de autoria:
António Seladas, CFA

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