setembro 03, 2025
(tempo de leitura: 3 minutos)
O ambiente na indústria manteve-se favorável em julho o que permite ao sector defender a margem de intermediação financeira, em linha com os últimos 2/3 trimestres. O excesso de liquidez no sistema (Depósitos a prazo, crescem +6,26% homólogo) permite ao sector ajustar, agressivamente, a remuneração dos depósitos, enquanto a dinâmica na procura de crédito imobiliário (+7,6%) e consumo (+6,5%) suaviza o ajustamento nas taxas ativas.
O Banco de Portugal (BdP) divulgou, o segundo conjunto de dados, sobre o sector bancário, referente a julho. Os dados divulgados referem-se às taxas de juro nos novos Empréstimos às Empresas, Hipotecas e Consumo e as taxas de juro que remuneram os novos Depósitos.
Realçamos o seguinte:
Taxas de juro nos Empréstimos:
- Não Financeiras (novos empréstimos): 3,65% compara c/ empréstimos em stock: 4,03%; 12MMM (Meses Média Móvel): 4,27% e 3MMM: 3,69%;
- Hipotecas (novas): +2,88% compara c/ Stock: 3,30%; 12MMM: +3,19% e 3MMM: 2,92%;
- Consumo e Outros Fins (novos): +7,09% compara c/ Stock: 7,33%; 12MMM: 7,28% e 3MMM: 7,13%.
Taxas de Juro médias nos Depósitos (até 1 ano):
- Empresas (novos, até 1 ano): 1,66% compara c/ Stock: 1,71%; 12MMM: 2,36% e 3MMM 1,74%;
- Indivíduos (novos, até 1 ano): +1,39% compara c/ Stock: 1,23%; 12MMM: 1,96% e 3MMM: 1,44%.
Margem Intermediação Líquida (NIM, proxy):
- Novos Empréstimos/Novos Depósitos: 2,33% compara c/ Stock: 2,82%; 12MMM: 2,13% e 3MMM: 2,32%.
Separadamente, o BdP publicou, no final da semana passada, os volumes nos Depósitos e Empréstimos e volumes de crédito em incumprimento, em julho. Salientamos o seguinte:
- Empréstimos totais: +5,38% homólogo vs. 12MMM +2,88% e 3MMM +4,95% (Empresas: +1,9% homólogo; Hipotecas: +7,6% e “Consumo e Outros fins”: +6,5%);
- Depósitos Totais: +6,26% homólogo vs. 12MMM +6,51% e 3MMM 5,95%;
- Rácio Empréstimos/Depósitos: 0,8053 vs. 12MMA: 0,8050 e 3MMA: 0,8077;
- Créditos em Incumprimento: Empresas 1,92% vs. 12MMM: 1,97%; Hipotecas: 0,24% e “Consumo e Outros Fins” 2,55% vs. 12MMM 2,52%.
Comentário: A indústria, surpreendentemente, tem defendido a margem de intermediação, a nossa proxy mantém-se estável desde novembro/dezembro, apesar das taxas de referência terem ajustado significativamente. Essencialmente, o sector baixou agressivamente as remunerações dos depósitos a prazo e dessa forma compensou a pressão nas taxas de juro ativas, que tem ajustado naturalmente. O ambiente atual, com forte crescimento de Depósitos a Prazo (julho: +6,26% homólogo), e forte dinâmica no crédito pessoal (+6,5%) e hipotecário (+7,6%), estimula o ambiente atual, pouco competitivo. Por último, o limite na subscrição de certificados de aforro, €100 000, por individuo, condiciona a concorrência com os Depósitos a Prazo.
Fonte: Banco de Portugal, INE, AS Independent Research
António Seladas
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