Macroeconomia

abril 29, 2021

Vendas a Retalho em março beneficiam do efeito base e iniciam o caminho da normalização

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou os valores de março relativos às vendas no retalho.

Os dados foram os seguintes:    

1 – Índice do volume de negócios no comércio a Retalho a preços constantes (sem as vendas de combustível e ajustamentos sazonais), ou seja, sem o impacto dos preços, subiram 1,3% homólogo, vs. Média Móvel de 12 meses (12MMM) -4,4% e 3MMM -6,8%;

2 – “Produtos Não Alimentares” a preços constantes (sem vendas de combustível) +3.8% homólogo vs. 12MMM: -9,0% e 3MMM: -13,3% (venda de automóveis em março: +20% homólogo);

3 – “Produtos Alimentares” a preços constantes -0,5% homólogo vs. 12MMM: +0,2% e 3MMM: 0%;

4 – “Têxteis, Vestuário e Calçado” (dados nominais, incluindo o efeito preço) -40% homólogo, vs. 12MMM: -43% e 3MMM: -58%;

5 – “Artigos para o Lar” (dados nominais) +20.2% homólogo, vs. 12MMA: +2.7% e 3MMA: 3.8%;   

6 – “Vendas por Correspondência, Internet e Outros Meios” (dados nominais) +60% homólogo vs. 12MMM +17,2% e 3MMM +36%.      

Os dados de março, foram sem dúvida positivos e sem surpresa, março foi o primeiro mês em que o efeito base começou a ajudar, concretamente os dados de março 2020 já foram influenciados pela pandemia. A evolução díspar entre “Alimentação” e “Não Alimentação” também não surpreende, de facto espera-se que a categoria “Não-Alimentação” continue a evoluir positivamente, enquanto a “Alimentação” não tendo sido pressionada em baixa há um ano, não se justifica hoje que evolua positivamente. A categoria “Têxteis, Vestuário e Calçado” em março continuou a registar um desempenho fraco, ainda assim deve melhorar significativamente, com a abertura das lojas. Finalmente, as vendas pelo canal internet (“online shopping”), mantém um desempenho muito acima dos valores médios, tendo março registado uma variação homóloga de 60%; será, no entanto, interessante observar o comportamento desta variável nos próximos meses, em concorrência direta com as lojas físicas, as quais, nomeadamente os centros comerciais, abriram na 3ª semana de abril.              

Em resumo, março registou um padrão de vendas e um comportamento completamente diferente de janeiro e fevereiro; mais em linha com uma economia a caminho da normalização, isto apesar das medidas de confinamento terem estado ainda ativas em março. Esperamos que os próximos meses continuem a mostrar este padrão mais recente, com as vendas “Não Alimentação” ou com um carácter mais discricionário a registarem um forte desempenho. 

Fonte: INE, AS Independent Research


Artigo de autoria:
António Seladas, CFA

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